Levando na Esportiva

por Lis 

Topei um passeio com uma amiga nesses dias. E a pessoinha atrasou pra caramba. Então eu fiquei lá, igual dois de paus, ralhando várias hipóteses:

- O atraso é sinal de desrespeito pelo meu tempo – eu me coloquei no centro da questão.

- A pessoinha se atrasou para me dar um chá de cadeira propositadamente – aí eu me coloquei no centro da questão de novo e pensei ainda que ela queria me pirraçar.  

Tá bom, essas hipóteses podiam ser verdades, mas pense Lis, o que mais o atraso pode significar?

- Talvez o atraso seja motivado pelo trânsito, ou por algum imprevisto qualquer que fugia do controle dela. Ufa. Pronto. A amizade foi conservada e o passeio foi legal. Dorei.

Voltei filosofando no busão. Até me esqueci de dar o sinal e acabei descendo beeem longe do lugar de costume, mas aproveitei a caminhada pra acabar de filosofar.

É muito feio, mas muito ridículo mesmo, dar a nós mesmos uma importância maior do que realmente temos.

Então. Gente com uns parafusos a menos, que realmente quer fazer hora com nossa cara de propósito, é bem menos comum do que gente que acaba fazendo hora por questões particulares ou puro nonsense mesmo.

Diante disso tudo aí, uma pequena atitude é decisiva: levar as coisas na esportiva, que é a arte de retirar-se do centro do Universo. Aposto que já inventaram até um manual pra isso, de tão legal e de tão útil.

Levar a vida na esportiva ajuda desencanar. E uma vida mais desencanada é uma delícia de viver. Todo mundo tinha que experimentar não se levar tão a sério. Não dói e descansa a beleza.

É mandar longe a paranoia e ser feliz.