Você é o que você veste

Eu queria escrever uma boa crítica sobre esse lance de tribo urbana, mas não vale a pena gastar meu sofrido português na esperança de fazer alguém pensar.

Primeiro que quem quer fazer parte de alguma tribo urbana não se pergunta o porquê de fazer isso. Não pensa, não reflete, tanto pela idade, geralmente são jovens, quanto por causas psicológicas, tipo vontade de ter uma identidade, pertencer a algum grupo, ter amigos etc. Espalharam por aí que isso de ter uma tribo é necessário, a psicologia moderna deu a bênção, então tá bom.   

Mas se eu pudesse dar uns conselhos pra cada um que pensa em mudar estilo por causa de som ou por vontade de ser diferente, os conselhos seriam estes:
1- NÃO FAÇA ISSO. Ter uma tribo não te beneficia em NADA e você pode se arrepender disso depois. É frustrante tentar fazer amigos em tribos urbanas, todos querem ser o alfa. Ou você é o cara, ou você é o puxa-saco do quem é o cara. E mudar o visual por causa de ideologia vai causar sempre o contrário do que você espera.  

2- No futuro, você verá que ser normal é extremamente confortável. Ser respeitado por ser mais um do mesmo garante mais chances na vida do que ser temido por ser um estranho.
Por exemplo, a tribo urbana mais comum é a tribo metaleira (headbanger é a PQP, seu paga pau de gringo) Ninguém gosta de metaleiro. Nem metaleiro gosta de metaleiro, muito menos de metaleira, só pra começo de conversa.

Metaleiro não é bem vindo em lugar nenhum. Mesmo que o cara seja PhD em qualquer coisa ou tenha sido laureado com premio Nobel, a primeira coisa que galera vai pensar dele, antes de ele abrir a boca, é que ele é no mínimo um vagabundo irresponsável, um crianção e no máximo um músico frustrado.


Mas não é só metaleiros que ficam mal na fita: o sujeito excêntrico que não sabe ou não quer se vestir conforme a ocasião também acaba rejeitado.
O sujeito que anda desleixado, com cabelo bagunçado, roupa surrada, amarrotada, suja e sapato furado também causa desconfiança. Mulher que usa roupa colada ou curta em todo lugar também não é perdoada. 

O jeito é não forçar a barra. Visual adequado é muito importante. Não to falando de usar roupa de marca, não. To falando de ter bom senso. Não custa nada.

Por mais que você se ache diferente, por mais que você queira mostrar ser um diferente diferente, e queira lutar para que os diferentes iguais a você sejam aceitos, faça isso do jeito mais harmônico possível. 
É ruim ter que se explicar, é ruim constranger ou ser constrangido, e ainda por cima por sua própria culpa. Quem paga mico, diverte só os outros.

Trabalho é trabalho, casa é casa, restaurante é restaurante e padaria é padaria. Se você não aprender isso, vai ter porteiros, seguranças, chefes e proprietários que ensinarão como deve ser. Assim é a vida, e não adianta querer impor sua vontade. Ninguém é obrigado a aturar esquisitices e manias. Ninguém é obrigado a adivinhar quem você é.

Se quer ser um esquisito, prepare-se para as consequências. Se quiser ser bem tratado, apresente-se para tal, a menos que você seja podre de rico e olhe lá.


Porque as aparências NÃO enganam. Você é o que você veste.