Cantar não é Gritar

por Lis
Se tem uma coisa que eu detesto é aquelas cantoras que gritam o mais alto possível e segura a nota lá em cima por muito tempo. Essa mulherada dá nos nervos. 
Parece que existe um fetiche do agudo; parabéns pra quem consegue essa proeza, é legal, mas não abusa. Fica feio.  

Quase todas as músicas de Celine Dion, Lara Fabian, Mariah Carey, Beyoncé, Whitney Houston etc, tem esses clímax com "gritos técnicos".  

A Beyoncé canta demaaaais, mas não quer dizer que todas as cantoras para serem boas tem que ser iguais a ela. 
Cantar como essas mulheres é lindo em 1 música ou no máximo 2 músicas, mas não no repertorio inteiro, porque é cansativo. 

Gosto de assistir show de calouros pela televisão, eu me arrepio com talentos reais (lembro da interpretação da música "Dia de Formatura" no Raul Gil, esqueci por quem..., me arrancou lágrimas. Tá eu gosto de sertanejo, prontofalei). 

Outro dia, num Domingo longínquo, eu assisti a um pedaço daquele quadro do Faustão - "Os Iluminados". Mas pra piorar meu preconceito com gente que confunde 🎶cantar bem com gritar 💣, os candidatos literalmente deram um show de berreiro grotesco, áspero, agressivo, sem um pingo do que exigiam músicas como "Halo" de Beyoncé e "Pra você" de Paula Fernandes. 

Gente, pra uma cantora impressionar, não precisa desses enfeites vocais absurdos, poxa... Cadê a leveza na voz? Cadê aquela nota baixa, leve, afinada, grave, suave e linda? 
Se você acha que cantar somente (reparem no somente) como a Beyoncé é o ideal, meu amor me desculpa dizer isso, mas você não sabe nada sobre música. 

Quanto mais houver um equilíbrio entre notas baixas e altas, agudas e graves, sem precisar forçar nada, quanto melhor você controla o diafragma e não força a garganta lá no talo, a música sai maravilhosa.  

Vamos pegar leve, quanto mais suave for a voz, mais agradável vai ser a canção e o feedback do público será positivo.

Músico de verdade é aquele que também sabe tocar baixinho, tal qual um compositor clássico. É mais difícil a sutileza que a agressividade. Quem sabe sabe, quem não sabe, faz barulho. 


Não é frescura, é misofonia!

por Lis 


Não aguento quando estou assentada à mesa, estudando de boa, aí chega o Arne pra lanchar e começa fazer aqueles barulhos com a boca: crac, crunch, crunch, crunch, glup. 

E ainda tem o aroma que fica no ar, aquela misturinha de bafinho com comida mastigada. 

Eu entendo que lugar de comer é à mesa, e que isso parece frescura, mas...  

Mas existem milhares de pessoas como eu, que simplesmente não conseguem se concentrar perto de algum ser humano mastigando. 

Se eu também estiver comendo, tudo bem, mas se eu não estiver comendo, isso é simplesmente insuportável e ponto. A ciência já até tentou explicar isso, leia aqui no G1

Sério, chega a ser menos pior escutar o Arne soltando um baita pum do que mastigando, nhac nhac nhac! 

Mas estou aprendendo a lidar com isso. Já que nem sempre os incomodados podem ou querem se retirar... Arne, me dá um pedacinho aí?  

A Cigarra

Lis 


Vamos pensar na cigarra: ela é feia, desagradável e desinteressante. 

Ninguém ou quase ninguém gosta dela;

É um bicho que fica anos debaixo da terra sugando a seiva da árvores, e só sai da escuridão pra fazer o maior escândalo, só pra tentar trazer pra sua vida miserável um pouco de emoção, tipo, tentar uma transa, um caso, um fora, qualquer evento que lhe tire do tédio.

Convenhamos: a cigarra não nasceu mesmo pra ser gostável. 

Ninguém nem sabe porque a cigarra existe. Nem taruíra come aquilo. 
Mas a cigarra existe.  

Ela sempre vem, mas também sempre vai... Mas sempre vem! Mas sempre vai! 

A gente se irrita com um ser tão irritável, mas poxa... 
É só uma cigarra! 

Ela vive menos que nós, e se vive mais, certamente não curte muito a tal vida na escuridão do submundo, parada parasitando. Ela não vê as árvores florirem nem frutificarem, e quando tem essa oportunidade, está quase morrendo.

Dá pena. 
É foda sentir pena da cigarra. 
O sentimento de pena é um sentimento de impotência. 
Tantos seres lindos, interessantes, inteligentes e ela foi ser logo uma cigarra? 

A vida é louca, mano.