Ônibus cheio. Eu e Arne de pé, segurando nos canos amarelos, e no assento à nossa frente dois adolescentes cochichando:
- Dá lugar pro cara. - disse o que estava no lado da janela.
- Quê?
- Levanta aí.
- Pra quê?
- Do seu lado aí...
- Hein?
- Olha.
- Hein?
- Olha.
O menino no lado do corredor não tirava os olhos do braço rosa e peludo do Arne, que contrastava muito com o cano amarelo.
- Levanta aí, zé.
- Pra quê, carai...?
- O cara é doente, mano.
- Né isso não...
- É sim, mano, levanta aí, porra.
- Péra, sô.
O menino da janela se levantou. - Pode sentar aqui, senhor.
Descemos depois de um tempão.
- Péra, sô.
O menino da janela se levantou. - Pode sentar aqui, senhor.
Descemos depois de um tempão.
Caminhando pro nosso destino, notei o Arne pensativo.
- Albinismo é doença? - perguntei pra ele.
- Hoje eu deixei ser.
- Como assim?
- Não era pra eu assentar.
- Albinismo é doença? - perguntei pra ele.
- Hoje eu deixei ser.
- Como assim?
- Não era pra eu assentar.