A Moral dos Trolls 2

Um exemplo: criou uma Fanpage em 2015, 
pra um sujeito que morreu em 2006.

Diz o código Moral anterior que o troll habita o subsolo da Asgard internética, é bem feio e pode ser do tipo piadista ou perverso, legal ou chato, bonzinho ou malvado. 

Quanto mais vívido o troll, mais mórbido é o trollador - diz o ditado; Qualquer um que vá tentar essa vida na Internet pode crer que já desistiu da vida de fato. 

E o troll - com a mesma velha intenção de fazer alguém de trouxa, pode tentar um papel meigo e lindo pra atingir tal objetivo. Por que não?

A parte boa é que o troll bonzinho é mais vacilão que o troll malvado: ele sabe que os bonzinhos não são tão suspeitos, aí acontece de ele relaxar de vez em quando, pecando pelo excesso de auto-confiança. 

Aquele sujeito legal que pediu pra entrar na roda pode ser um troll; e o único jeito de trollar um troll de volta, chato ou legal é a velha e boa ignorada. 
Ele vai sacar logo que a máscara caiu e vai gastar um tempo tentando se lembrar do momento em que se escondeu atrás da cortina e deixou o rabo de fora. 

Por exemplo, o troll bonzinho pode criar um fã clube de uma banda da qual você gosta, mas que já nem existe mais, como pretexto pra fazer amizade
😂😂😂
Qualquer história de troll, bonzinho ou malvado, sempre vai ter um final frustrante. 

Histórias vividas com um troll bonzinho, apesar de serenas, são ainda mais frustrantes, porque este tipo parece um amigo quase perfeito, fingindo gostar de tudo que o "alvo" gosta, e consegue se tornar muito interessante, até que... 

Bum. 

Troll é troll - alguma vez a visceral antipatia pelo seu alvo vai escapulir sem querer e a ficha do alvo vai cair. 

Isso de troll bonzinho também aconteceu conosco. O nosso troll bonzinho - e trollado - podia continuar curtindo o prazer de achar que continuava enganando a gente direitinho, mas quando dois não querem, três não brincam. 

Claro que o troll bonzinho ainda está lá, só por orgulho mesmo, fingindo pra aquela suada rodinha de cúmplices. Ele fingiu que nem ligou da gente abandonar ele, mas ligou sim. Ele se importa muito conosco, do contrário, nem teria perdido tempo na vida armando outra só pra ficar pertim da gente.  

Todo troll é útil. Eles servem para gente se testar, rendem um papos legais na nossa vida real, e nos ajudam a enxergar que o trouxa de verdade é ele mesmo. 

A gente, que é trollado continua sendo nós mesmos, enquanto o troll, sem ninguém pra trollar, não é nada. 
Aquele que se limita a ser troll não consegue ser outra coisa; ele precisa trollar alguém que já existe e tem uma história legal, só pra ele mesmo começar a existir e querer tentar fazer alguma história. 

Então. Enquanto esse novo troll, pra variar, jurava que a gente era idiota, e desde o primeiro capítulo desse novo testamento a gente deixava ele achar que sim, de repente tudo ficou um tédio... 

Troll já não era mais uma novidade, mas em vez de frustrante, pelo menos essa experiência foi engraçada. O nosso troll bonzinho se superou, mostrou alguma criatividade, apesar de meio barango, burro e sem sal. 
Ele forçava a ideia de que levava uma vidinha medíocre - porque isso convence muito. Dava até dó de trollar um troll desse... a gente até desejou que o ser por trás daquele personagem morresse pra que o personagem se encarnasse. 

E agora, o máximo que este troll trollado e abandonado vai obter é uma gostosa dor de cabeça e uma aula de trollagem do bem. Porque os bonzinhos 24 Quilates de cá ainda conseguem pensar no bem do bonzinho bijoux de lá.

Ficam as dicas: Para promover um troll bonzinho, meia dúzia de fotos fofinhas ou barangas bastam. Enquanto o troll malvado tem que parecer imbatível, genial e perfeito, o troll bonzinho tem que parecer fracote, bobinho e inofensivo, mas não pode exagerar. 

Não é qualquer um que tira foto da própria rua suja do subúrbio onde mora, não é qualquer um que mostra fotos antigas ridículas, unha roída, comida malfeita ou pacote de bolacha barata. Pega leve. Dá pra desconfiar tanto do excesso quanto da falta de amor próprio. Um tiquim de orgulho não é pecado, viu?

Seja bonzinho, mas não seja espelho do mais duradouro crush da sua vida. A imitação é uma forma de lisonja; tente honrar sua própria máscara, seja menos o outro. O seu alvo dificilmente será tão narcisista a ponto de se apaixonar pelo próprio cosplay.

Mais importante do que batalhar pela intimidade com o crush, é controlar a paixão. Afinal, o troll bonzinho quer a cara, não o coração. 

Troll bonzinho adora bancar o bobalhão inofensivo, esse papel é mais fácil, mas ele tem que saber ser instigante também. 

Moral: ou o troll tem talento, ou não é troll. Talento garante a oportunidade e a oportunidade faz o troll.
Porque o troll, malvado ou bonzinho, não pode ser chato. Chato, qualquer idiota consegue ser. O máximo que um chato consegue é desprezo. E desprezo mata o troll.

✟ Rest in Peace. 


Conheça aqui o gênesis, lendo a primeira Moral dos Trolls