O paradoxo da Onipotência


Deus é algo que não conseguimos compreender, muito além de ser um Ser, ou uma Coisa. Deus é Deus. E claro, acreditamos nele. Não na versão antropomórfica, claro. O deus da Bíblia parece idiota demais, e Deus não depende de Bíblia pra existir. Há uma hierarquia de mistérios acima de nós, que jamais serão revelados, do concreto ao abstrato. 

Difícil até de falar. Imaginar O QUE é Deus é tão difícil quanto conceber uma ideia de Tudo e Nada. Não conseguimos imaginar o Nada. Já tentou fazer isso? Já tentou imaginar o Absoluto? Pode ser divertido ou pode ser angustiante, depende do seu grau de humildade.  

Então, vamos pro seguinte:


Deus é indestrutível, do contrário, não seria Deus. 

Deus também tudo pode. Pois é Onipotente. 

Se Ele não pudesse fazer tudo, então não seria Onipotente. A questão é: Deus pode se autodestruir? 


Um dia o ser humano conseguiu pensar em alguma coisa que Deus NÃO PODE FAZER. E se existe alguma coisa que Deus não pode fazer então Ele deixa de ser onipotente.   

Perturbador, mas calma. A gente nem sabe o que É Deus, a gente não consegue lidar com algo sem forma, então a gente tende a encaixar tudo, até mesmo Ele, em nossos parâmetros. 

E para fugir disso, podemos considerar que Deus é auto-existente (sempre existiu). Isso significa que Ele não teve um princípio, não foi causado por nada. E não tem como finalizar algo que não teve começo. Só se pode destruir o que foi construído ou criado, né? Pois bem, Deus não foi criado por ninguém. 

Depois podemos considerar que nunca houve um período de ausência de Deus, nenhum ponto de partida para o qual retornar. Deus sempre é O Eterno, está além do Tempo. Quem tem data de fabricação e validade somos nós. Quem depende de ciclos é o nosso tipo de existência, a nossa substância. O próprio Universo, em sua grandeza, zomba da nossa noção de tempo. Passado, presente e futuro coexistem lá em cima de boas, rola tudo ao mesmo tempo, no caos e na ordem...  

Por isso que não dá pra aplicar em Deus a nossa lógica, tipo assim, não vem nem ao caso se Ele pode ou não se destruir - isso é um parâmetro das criaturas (que tem começo e fim, que são causadas); Se aplicarmos esse parâmetro em Deus, somos obrigados a pensar que Deus teve um princípio, que se criou. E Ele deixaria de ser Deus mais pela ideia de ter se criado, do que pela ideia de ser destruído.  

A essência de Deus é absurdamente incompreensível, a gente é incapaz de conceber Deus sem reduzi-lo à nossa realidade. Pensar em Deus é pensar em conceitos de eterno, de existência, de absoluto, coisas que acabam enchendo e esvaziando ao mesmo tempo o nosso raciocínio. 

É difícil de deixar de acreditar em Deus justamente por ser impossível saber O QUE ou QUEM Ele é.  

Só nos resta cuidar da nossa vida.